Assim como todos os meus colegas professores, com o fecho das escolas, não vou trabalhar e estou, naturalmente, de férias.
Foi assim o meu dia:
Não precisei de pôr o despertador porque não tenho horário a cumprir. Acordei depois de quase 10 horas de um sono profundo e descansado. Para o pequeno almoço, fiz umas panquecas sem farinha nem açúcar para manter o corpo são e um sumo natural com laranjas acabadas de espremer ao que se seguiu uma hora de yoga para começar o dia em beleza.
Como não tenho nada para fazer, tenho aproveitado para aprender umas receitas diferentes e fui preparar o almoço: uma carne marinada em vinha d'alhos que deixei cozinhar em lume brando durante duas horas para apurar o tempero, e, para acompanhar, um puré de batata doce esmagada à mão e aromatizado com um apontamento de alecrim fresco, acabado de colher.
Deliciei-me com o repasto na companhia dos meus filhos e aproveitámos para pôr a conversa em dia. Tomei o café na varanda, ao sol, desta feita na companhia do quarto livro que estou a ler desde o início da quarentena. A leitura acabou numa pequena sesta que me deu energia para uma série de abdominais, agachamentos e uns minutos de prancha, pois há que manter a forma!
A certa altura, ouvi um barulho...
Ohhh, era o despertador! Afinal, tudo não passou de um sonho!
Eram 8h. Estava na hora de acordar, banho, vestir, pôr comida aos gatos e ligar o computador que demorou uma eternidade a iniciar, graças ao excesso de trabalho a que o tenho obrigado (desconfio que, não tarda, entra em greve). Abri os documentos e separadores que preparei para a aula síncrona, iniciei o zoom e comecei o meu dia de trabalho. Não tive tempo de tomar o pequeno almoço antes e, quando a primeira aula acabou, tive 10 minutos para engolir um iogurte e umas bolachas. Reproduzi a primeira aula uma segunda vez para um grupo diferente e as aulas da manhã estavam despachadas. Assustei-me ao abrir o e-mail com a quantidade de mensagens por ler... Afinal não ia lá desde as 22h do dia anterior, e já eram 11h30. Ainda assim, havia outras coisas para preparar que tinham prioridade, dando oportunidade a algum açambarcamento de mensagens não lidas na minha caixa de entrada.
12h30: hora de ir fazer o almoço. Consegui cortar-me a picar uma cebola para o refogado, o que deu imenso jeito, uma vez que me imobilizou o polegar esquerdo. E, se, com duas mãos, já não sou propriamente uma fada do lar, com uma a minha parca habilidade para a cozinha ficou ainda mais reduzida. Mas pronto, apesar do polegar ter latejado valentemente enquanto encarnava o papel de chef maneta, o almoço fez-se e comeu-se... à pressa. O café já foi tomado em frente ao computador, na companhia dos alunos da primeira aula da tarde, um golinho de cada vez, quando havia uns segundos de espera sempre que tinham uma tarefa em mãos. Os últimos goles esperaram tanto pela sua vez que já se encontravam a uma temperatura bastante semelhante à do iogurte do pequeno almoço.
Duas aulas à tarde... Feito! Estava na altura de endireitar as costas, esticar as pernas por cinco minutos e atirar-me com unhas e dentes aos e-mails que tinha para ler... e para registar... e para responder.
E foi assim o meu dia. Agora está na hora de ir fazer o jantar com a minha mão esquerda a meio gás e a direita (que, para a cozinha, funciona como se fosse esquerda) essa sim, a todo o vapor (dentro do que é possível). Fogão: o meu segundo melhor amigo dos dias de hoje (o primeiro é o computador).
Acho que vou aproveitar a hora do jantar para perguntar aos meus filhos se dormiram bem. Ao almoço não deu tempo.
(Vá, não é bem 39, mas não se pergunta a idade a uma senhora...)